ASPECTOS ESTRUTURAIS
E EVOLUTIVOS DA SUPERFAMÍLIA DAS MIOSINAS NO CAMARÃO Litopenaeus
vannamei
Proponente: Cesar Martins
Resumo
e Objetivos:
Miosinas
são proteínas motoras apoiadas em actinas e expressas amplamente
como múltiplas isoformas em todas as células eucarióticas.
Estas proteínas formam uma superfamília diversa estruturalmente
e funcionalmente que consiste em, pelo menos, 18 famílias distintas.
Sua classificação está baseada na diversidade de seqüências
de aminoácidos do domínio globular motor, responsável
pela atividade das miosinas. As clássicas miosinas com duas cabeças
são chamadas de miosinas convencionais e representam a família
de miosina II. As outras dezessete famílias são referidas como
miosinas não convencionais. Até o momento foram encontradas
somente isoformas de miosinas II formando filamentos. As miosinas não
convencionais caracterizadas até o momento não formam filamentos
e permanecem como unidades monoméricas, embora algumas delas apresentem
duas cabeças. A importância das miosinas não convencionais
está relacionada ao fato destas constituírem 4 das 5 miosinas
de Saccharomyces cerevisiae, 11 das 13 miosinas em Drosophila, e aproximadamente
dois terços das miosinas em humanos. Além disso, evidências
indicam que células não musculares parecem expressar somente
um ou dois genes de miosinas convencionais e 10 ou mais miosinas não
convencionais.
A
molécula de miosina consiste de dois componentes principais –
cadeia leve e cadeia pesada. Três domínios estruturais e funcionais
podem ser distinguidos dentro da cadeia pesada: (i) o domínio N-terminal,
região globular motora conservada onde os sítios de ligação
da actina e dos nucleotídeos estão localizados; (ii) o domínio
regulatório, também denominado de pescoço, contendo o
motivo IQ, que define a região de ligação da cadeia leve
(acredita-se que o número de motivos IQ determina o número de
ligações na cadeia leve); o domínio cauda C-terminal,
que representa a parte mais diversa da cadeia pesada e é responsável
pela função específica da miosina como dimerização,
formação de filamento, ligação à membrana
ou proteínas de membrana alvo. Uma classificação similar
da superfamília das miosinas pode ser obtida através de análise
das seqüências de aminoácidos das caudas das miosinas.
As
miosinas estão envolvidas em várias funções celulares
como motilidade celular e contração muscular, transporte intracelular
de partículas e organelas, citocinese, endo- e exocitose, e, provavelmente,
expressão gênica. Geralmente, quanto mais complicado o organismo,
maior o número de miosinas que este contém, representando um
maior número de famílias. Por exemplo, enquanto existem isoformas
representando três famílias de miosinas (I, II e V) no fungo
Saccharomyces cerevisiae, 39 genes codificam cadeias pesadas de miosinas de
pelo menos 12 famílias (I, II, III, V, VI, VII, IX, X, XV, XVI, XVIII
e uma nova miosina ainda não classificada) em humanos.
Levando
em consideração tal diversidade e complexidade dentro da superfamília
das miosinas, não é surpreendente que mutações
nos genes codificadores de miosinas podem levar a alterações
na estrutura e função celular. Além disso, o estudo da
superfamília das miosinas também encontra importância
no contexto filogenético e evolutivo. Qual seria a razão para
a presença de tantas miosinas estruturalmente distintas nas células
eucarióticas? A evolução da célula eucariótica
levou a níveis elevados de complexidade que requerem novas estruturas
celulares e divisão de funções. O surgimento das isoformas
de miosinas parece ter acompanhado essas inovações evolutivas
ocorridas na célula. Neste contexto, a análise das miosinas
que são expressas no camarão Litopenaeus vannamei irá
contribuir para o conhecimento de aspectos funcionais e evolutivos desta importante
classe de proteínas.
Grupo
de trabalho local (Instituto de Biociências, UNESP-Universidade Estadual
Paulista):
Cesar Martins (Coordenador local)
Adriane P Wasko (Colaborador)
Alexandre Azevedo (Colaborador)
Carlos S Araki (Colaborador)
Claudio Oliveira (Colaborador)
Kátia G Rancura (Colaborador)
Marina SL Wong (Colaborador)