ESTUDOS
FUNCIONAIS DE PROTEÍNAS DE CUTÍCULA DO CAMARÃO Litopenaeus
vannamei
Proponente: Flávio Henrique Silva – DGE – UFSCar
Resumo e Objetivos:
O exoesqueleto quitinoso ou cutícula é uma
característica distinguível dos artrópodos (RUPPERT e
BARNES, 1996). A cutícula é um complexo
de filamentos de quitina embebidos numa matriz protéica. A combinação precisa
dessas proteínas assume uma função na determinação das propriedades mecânicas cuticulares, assim como interações com os filamentos quitinosos e o grau de esclerotização
(ANDERSEN et al., 1995).
Há
uma ampla variedade de cutículas: flexíveis e elásticas, como as encontradas em
larvas, em que as proteínas que as constitui permanecem solúveis enquanto que
aquelas cutículas em regiões esclerotizadas são
endurecidas e espessadas devido a reações de esclerotização
(SUDERMAN et al., 2003). Estas
consistem na incorporação de produtos de oxidação de derivados catecolamínicos (ANDERSEN et
al., 1995). Esse processo ocorre na camada exocuticular
pelo qual as proteínas tornam-se insolúveis (ANDERSEN et
al., 1995).
Proteínas que formam a exocutícula são principalmente secretadas antes da ecdise
para o interior da cutícula pré-ecdisial e diferem
freqüentemente na seqüência de aminoácidos e propriedades químicas daquelas
secretadas após a ecdise, constituintes da endocutícula
(ROBERT e WILLIS, 1980; ANDERSEN e HØJRUP, 1987; BAERNHOLDT e ANDERSEN, 1998;
HOPKINS et al., 2000 apud
SUDERMAN et al., 2003).
Cutículas podem mudar drasticamente na aparência, arquitetura,
composição e metamorfose e a síntese e deposição das proteínas cuticulares são governadas por hormônios como ecdisona e hormônio juvenil. (ANDERSEN et
al., 1995).
As propriedades físicas e funcionais
de cada tipo de cutícula são, em parte, relacionadas aos tipos e quantidades de
proteínas que constituem sua estrutura, assim como suas subseqüentes interações
com outros componentes cuticulares (quitina e metabólitos de catecolaminas) (HOPKINS e KRAMER, 1992;
ANDERSEN et al., 1996; KRAMER et al., 2001 apud SUDERMAN et al., 2003).
O interesse nas proteínas de
cutícula aumentou durante os últimos anos e a estrutura primária obtida de
muitas proteínas representa diferentes estágios de desenvolvimento, tão bem
como diferentes espécies de insetos. Comparações entre seqüências de
aminoácidos indicam algum grau de similaridade entre as proteínas, mas
diferenças pronunciadas são também aparentes (WILLIS et
al., 1981; SILVERT, 1985; WILLIS, 1987 apud ANDERSEN et al., 1995).
Recentemente, um número de
seqüências tem sido publicado, algumas deduzidas do cDNA correspondente ou seqüências genômicas
e outras obtidas de proteínas purificadas. Baseado em seqüências disponíveis,
análises estão sendo feitas para verificar as relações entre os vários tipos de
proteínas de cutícula e os tipos de cutículas nas quais ocorrem (ANDERSEN et al., 1995).
A proposta de nosso grupo, dentro do
genoma do camarão, é analisar clones que codificam proteínas de cutícula
presentes no banco de dados do SHEST. Para tanto, serão feitas comparações
entre proteínas de cutícula do SHEST, bem como com outros bancos de dados. Além
disso, alguns clones serão escolhidos para estudos funcionais. Estes clones
terão sua seqüência completa obtida através de sequenciamento.
Posteriormente, vamos amplificar as fases abertas de leitura (ORFs) e subcloná-las
em plasmídeo de expressão visando obter a proteína
pura para que sejam feitos estudos estruturais e de atividade. Como resultados preliminares já temos a
caracterização completa de dois clones, amplificação das ORFs, subclonagem em plasmídeo de expressão, expressão das proteínas em
bactérias e testes de solubilidade. Estamos procedendo atualmente a purificação das proteínas expressas.
Equipe: Flávio Henrique Silva (Coordenador do grupo)
Kelly Pereira da Silva (Iniciação
científica)
Andréia Gianotti
(Mestranda)
Viviane Nogaroto
(Mestranda)
Referências Bibliográficas:
Ruppert, E. E., Barnes, R.
D., 1996. Zoologia dos invertebrados.
Andersen, S. O., Hojrup, P., Roepstorff, P., 1995.
Insect Cuticular Proteins. Insect
Biochemistry and Molecular Biology 25, 153-176.
Suderman, R. J., Andersen, S. O., Hopkins, T.
L., Kanost, M. R., Kramer, K. J., 2003. Insect
Biochemistry and Molecular Biology 33, 331-343.